La Guerre en Ukraine: La Position Délicate de la Politique Externe Petiste
LA GUERRE EN UKRAINE: LA POSITION DÉLICATE DE LA POLITIQUE EXTERNE PETISTE
Gabrielle Balestra e Camille Racette-Roussel
Fonte: Revista VEJA
Les relations entre le Brésil et la Russie ont connu une amélioration significative ces dernières années, caractérisées par une augmentation des échanges commerciaux et une coopération en matière de technologie militaire. Cela n'a pas toujours été le cas. Un partenariat stratégique n'a vu le jour qu'au début du 21e siècle, grâce au vice-président brésilien sous l'administration Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel, et au premier ministre russe, Mikhail Kasyanov. Luiz Inácio da Silva, ex président du Brésil, continue sur la même lignée que son prédécesseur, en invitant Vladimir Poutine dans son pays en novembre 2004. Ces mêmes années, les relations entre Moscou et Brasilia se sont intensifiées grâce à la signature de nombreux accords de coopération dans les secteurs aérospatiaux, nucléaires et de défense militaire. Le premier sommet des BRIC, qui s'est tenu en 2009 à Ekaterinbourg en Russie, en présence de Lula et de Poutine, visait une amélioration de la situation économique mondiale tout en planifiant la coopération entre ces économies émergentes.
Un peu plus tard en 2012, la successeure du président Lula, Dilma Rousseff, approfondit les relations entre les deux nations, en tenant des négociations avec le président russe sur la diversification des échanges, l'approfondissement du partenariat stratégique et du développement de la coopération dans les domaines scientifiques, techniques, culturaux et humanitaires. Deux ans plus tard, Vladimir Poutine s'est rendu au Brésil et a eu des entretiens avec le président brésilien qui ont abouti à la signature d'un ensemble de documents sur la coopération et la participation au sommet des BRICS sur la coordination politique et la gouvernance mondiale.
Plus récemment, en 2022, dans le contexte de la guerre en Ukraine, Lula, ainsi que de nombreux alliés du PT, tiennent pour responsables la Russie et aussi les Etats-Unis. L'ancien président Lula publie sur Twitter: "il est inadmissible qu'un pays s’autorise à installer des bases militaires autour d'un autre pays. Et il est absolument inadmissible qu'un pays réagisse en envahissant un autre pays." Ce qui montre le positionnement du candidat face à "l'impérialisme" de l'OTAN, qui a toujours été la cible des critiques de son gouvernement. Le diplomate russe Sergei Ryabkov imagine l'émergence de pouvoir des BRICS dans un nouvel ordre mondial créé entre autres par la guerre en Ukraine. Ainsi, le but principal du candidat pétiste, qui a pour objectif de dialoguer avec le Sud, expliquerait la position neutre vis-à-vis de la Russie en ne mentionnant le président Poutine dans aucune de ses déclarations.
D'autre part, l'ancien ministre des affaires étrangères, Celso Amorim, ne partage pas la position du parti de Lula. Amorim est catégorique dans ses déclarations en condamnant fermement l'invasion russe, la considérant comme "inacceptable". Cette contradiction soulève des questions sur les propositions de politique étrangère de Lula pendant la campagne électorale.
Même si la politique étrangère n'est généralement pas un point décisif lors d'une élection brésilienne, la guerre en Ukraine génère déjà des impacts indéniables sur la dispute pour le Planalto. L'incapacité du PT à critiquer le gouvernement autoritaire du Kremlin permet à d’autres candidats, comme Dória et Moro, de profiter de l'occasion pour attaquer la neutralité suggérée et se rapprocher de la position internationale majoritaire de désaccord profond à l'égard de la Russie.
GUERRA DA UCRÂNIA: A SAIA-JUSTA DA POLÍTICA EXTERNA PETISTA
As relações entre o Brasil e a Rússia têm assistido a uma melhora significativa nos últimos anos, a partir de aumento nas trocas comerciais e estabelecimento de cooperação em matéria de tecnologia militar. Nem sempre foi o caso. Uma parceria estratégica iniciou-se somente no início do século XXI, graças ao então vice-presidente do Brasil durante a gestão Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel, e ao então primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Kasyanov. O ex-presidente Luiz Inácio da Silva continuou na mesma linha, convidando Vladimir Putin ao Brasil em novembro de 2004. Nos anos seguintes, durante o governo Lula, as relações entre Moscou e Brasília se intensificaram com a assinatura de inúmeros acordos sobre a cooperação nos setores aeroespacial, nuclear e de defesa militar. A primeira cúpula do BRIC, ocorrida em 2009, em Ecaterimburgo, na Rússia, almejava traçar uma melhora da situação econômica global e arquitetar uma cooperação entre as quatro economias emergentes, contando com a presença de Lula e Putin.
Já em 2012, a sucessora do presidente Lula, Dilma Rousseff, aprofundou as relações entre as duas nações, realizando negociações com o presidente russo para a diversificação comercial, o aprofundamento da parceria estratégica e as perspectivas de desenvolvimento da cooperação nas esferas científica, técnica, cultural e humanitária. Dois anos depois, Vladimir Putin realizou uma visita ao Brasil e manteve conversas com a presidente brasileira que culminaram na assinatura de um pacote de acordos de cooperação e na participação na cúpula do BRICS sobre coordenação política e governança global.
Mais recentemente, em 2022, com a escalada das tensões entre os países de Putin e Zelensky, Lula, assim como inúmeros aliados do PT, consideraram a Guerra da Ucrânia responsabilidade dupla dos Estados Unidos e da Rússia. Segundo o ex-presidente, "é inadmissível que um país se julgue no direito de instalar bases militares em torno de outro país. E é absolutamente inadmissível que um país reaja invadindo outro país.” Mesmo breve, este tuíte mostra o posicionamento do candidato frente ao “imperialismo” da OTAN, que sempre foi alvo de críticas do seu governo. Em um possível cenário de protagonismo dos BRICS em uma nova ordem mundial, prospectado pelo diplomata russo Sergei Ryabkov, seria uma afronta irresponsável declarar Putin como grande vilão da guerra. Assim, a agenda central de política externa do candidato, que tem como pauta o diálogo com o Sul Global, explicaria a posição neutra com relação à Rússia por meio da não menção ao presidente Putin em nenhuma declaração.
Em contrapartida, o guru de política internacional do PT, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, destoa da posição adotada pelo partido. Amorim foi enfático em suas declarações ao condenar fortemente a invasão russa, considerando-a "inaceitável''. Tal contradição leva ao questionamento sobre as propostas de política externa a serem apresentadas por Lula ao longo da corrida eleitoral.
Mesmo que habitualmente a política externa não seja uma agenda decisiva em ano de eleições, a Guerra da Ucrânia já gera impactos inegáveis na disputa pelo Planalto. A impossibilidade petista de criticar o governo autoritário do Kremlin faz com que outros candidatos, como Dória e Moro, aproveitem para atacar a neutralidade sugerida e aproximar-se da posição internacional majoritária de descontentamento com a Rússia.
UKRAINE'S WAR: THE TIGHT SPOT OF PETISTA FOREIGN POLICY
The relations between Brazil and Russia have seen a significant improvement in recent years, characterized by an increased trade and cooperation in military technology. This has not always been the case. A strategic partnership began only at the beginning of the 21st century, thanks to Brazil's vice president during the Fernando Henrique Cardoso administration, Marco Maciel, and Russia's then prime minister Mikhail Kasyanov. Former President Luiz Inácio da Silva continued in the same line, inviting Vladimir Putin to Brazil in November 2004. In the following years, during Lula's government, the relations between Moscow and Brasilia were intensified thanks to the signature of numerous agreements on cooperation in the aerospace, nuclear, and military defense sectors. The first BRIC summit, which counted with the presence of Lula and Putin, was held in 2009 in Yekaterinburg, Russia, and aimed at outlining an improvement in the global economic situation and at developing a cooperation between the four emerging economies.
In 2012, President Lula's successor, Dilma Rousseff, deepened the relations between the two nations, holding negotiations with the Russian president on trade diversification, on the empowerment of the strategic partnership, and on the prospects for developing cooperation in the scientific, technical, cultural, and humanitarian spheres. Two years later, Vladimir Putin visited Brazil and held talks with the Brazilian president, culminating in a package of documents on cooperation and in the participation in the BRICS summit, whose theme was political coordination and global governance.
More recently, in 2022, as tensions escalated between Putin and Zelensky's countries, Lula, as well as numerous PT allies, judged the Ukraine War as a dual responsibility of the United States and Russia. According to the former president, "it is inadmissible that a country thinks it has the right to install military bases around another country. And it is absolutely inadmissible that a country reacts by invading another country." Even briefly, this tweet shows the candidate's positioning in the face of NATO's "imperialism," which has always been a target of criticism from his government. In a possible scenario of BRICS protagonism in a new world order, prospected by the Russian diplomat Sergei Ryabkov, it would be an irresponsible affront to declare Putin as the great villain of the war. Thus, the candidate's central foreign policy agenda of dialogue with the Global South would explain the neutral position with regard to Russia by not mentioning President Putin in any statement.
On the other hand, PT's international policy guru, the former Minister of Forign Affairs Celso Amorim, does not agree with the position adopted by the party. Amorim was emphatic in his statements and strongly condemned the Russian invasion, considering it "unacceptable". Such contradiction leads to the questioning of the foreign policy proposals being presented by Lula during the electoral race.
Even if foreign policy is not usually a decisive agenda for elections in Brazil, the Ukraine war already generates undeniable impacts on the dispute for Planalto. The PT's inability to criticize the Kremlin's authoritarian government gives other candidates, like Dória or Moro, the opportunity to attack the suggested neutrality and get closer to the majority international position of discontent with Russia.