Le positionnement initial du marché financier et industriel pour les élections d'octobre
Le positionnement initial du marché financier et industriel pour les élections d'octobre
Felipe Jukemura
Fonte: InvestNews
Historiquement, deux acteurs ont eu une influence significative sur la course électorale brésilienne : le marché financier et les industriels brésiliens. Lors des élections de 2018, par exemple, les deux ont montré leur prédilection pour les politiques libérales, qui se sont incarnées dans la figure de l’actuel ministre de l’Économie, Paulo Guedes.
Aujourd’hui, bien qu’il soit encore trop tôt pour un positionnement précis de ces deux acteurs, à partir des lectures préliminaires d’interviews et de déclarations données à des journaux tels que Valor Econômico, IstoÉ dinheiro, CNN et d’autres, il est déjà possible de voir un phénomène rare, car les entrepreneurs financiers et industriels se sont montrés divisés entre l’ancien président Lula et l’actuel président Bolsonaro.
Quant au premier candidat, il est remarquable que Lula apporte dans son discours des idées fortement liées à la perspective socio-économique petista, telles que la défense de l’État et une certaine aversion pour les privatisations, en plus de l’intention manifeste de revoir à la fois la réforme du travail et le plafond des dépenses et de reprendre l’autonomie brésilienne par rapport au pétrole par le contrôle des prix du carburant. Nous pouvons dire que tous ces agendas sont opposés au programme idéal des industriels brésiliens et des entrepreneurs financiers. Cependant, ce que ses représentants ont exprimé, c’est l’espoir que la candidature actuelle de l’ancien président se dirigera vers ce qui était sa candidature de 2002, le «Lulinha paix et l’amour », guidée par un large dialogue et un pragmatisme politique. Un signe en ce sens était l’introduction de l’ancien gouverneur Geraldo Alckmin en tant que vice-président.
Du côté de Bolsonaro, l’actuel président a encore un discours plus centré sur le marché et les grandes entreprises, avec le ministre Paulo Guedes comme symbole de ces discours – même ces discours n’ayant pas la même force qu’ils avaient lors des élections de 2018. En outre, pour gagner la confiance du marché et des entrepreneurs, le gouvernement Bolsonaro a essayé de plus en plus de capitaliser sur certaines politiques, telles que la possible privatisation d’Eletrobras, le lancement du « pix », la réforme des retraites ou le rapprochement avec les entrepreneurs internationaux, comme on l’a vu lors de la récente rencontre avec Elon Musk. Mais les politiques adoptées par le président ces dernières années et son comportement instable préoccupent beaucoup les deux secteurs, car les incohérences dans sa gestion ont généré une grande volatilité sur le marché. De plus, contrairement à ce qui avait été promis, Bolsonaro a fini par entrer dans la vieille politique de « toma lá dá cá », donnant le pouvoir au « centrão », un bloc de partis considérés comme « physiologiques », augmentant également le fonds électoral et les amendements parlementaires, ce qui a été très mal vu sur la base des déclarations faites par des entrepreneurs dans les journaux brésiliens.
Comme déjà noté, cependant, il n’est toujours pas clair qui sera préférable, un politicien de centre-gauche, ou un autre de droite et allié à un ministre libéral mais sans une politique fiscale et économique claire. Il faudra observer la formation des équipes économiques de ces candidats et les formulations plus claires des politiques économiques afin d’avoir une meilleure vision du positionnement de ces deux acteurs.
O posicionamento inicial do mercado financeiro e industrial para as eleições de outubro
Historicamente, dois atores tiveram uma influência expressiva na corrida eleitoral: o mercado financeiro e os industriais brasileiros. Nas eleições de 2018, por exemplo, ambos mostraram sua predileção por políticas de cunho liberal, as quais foram encarnadas na figura do atual ministro da economia, Paulo Guedes.
Hoje, apesar de ainda ser muito cedo para um posicionamento preciso desses dois atores, a partir de leituras preliminares de entrevistas e declarações dadas a jornais como o Valor Econômico, IstoÉ dinheiro, CNN e outros, já é possível vermos um fenômeno um tanto raro, pois tanto empresários financeiros como industriais têm se mostrado divididos entre o ex-presidente Lula e o atual presidente Bolsonaro (aliado à descrença de que uma eventual terceira via se torne realmente viável).
Quanto ao primeiro candidato, é notável que Lula traga em seu discurso ideias fortemente ligadas à perspectiva socioeconômica histórica petista, tais como a defesa das estatais e certa aversão a privatizações, além da manifesta intenção de revisar tanto a reforma trabalhista como o teto de gastos e de retomar a autonomia brasileira em relação ao petróleo via controle de preços dos combustíveis. Podemos dizer que todas essas pautas são avessas ao programa ideal dos industriais e empresários financeiros brasileiros. Contudo, o que seus representantes têm manifestado é uma esperança de que a atual candidatura do ex-presidente ande em direção ao que foi sua candidatura de 2002: o “Lulinha paz e amor”, pautado pelo amplo diálogo e pelo pragmatismo político. Um sinal nesse sentido foi a própria composição da sua chapa com o ex-governador Geraldo Alckmin.
Do lado de Bolsonaro, o atual presidente ainda conta com um discurso mais voltado ao mercado e às grandes empresas, tendo o ministro Paulo Guedes como a cristalização desses discursos – mesmo esses discursos não tendo a mesma força que tinham nas eleições de 2018. Além disso, para ganhar a confiança do mercado e dos empresários, o governo Bolsonaro tem tentado cada vez mais capitalizar em algumas políticas, como a possível privatização da Eletrobras, o Lançamento do PIX, a reforma da previdência ou a aproximação com o empresariado internacional, como visto no encontro recente com Elon Musk. Mas as políticas adotadas pelo presidente nos últimos anos e seu comportamento instável preocupam muito os dois setores, pois as inconsistências na sua gestão geraram grande volatilidade no mercado. Ademais, contrariamente ao que foi prometido, Bolsonaro acabou entrando na velha política do “toma lá dá cá”, abrindo espaço para o chamado “centrão”, um bloco de partidos considerados “fisiológicos”, aumentando também o fundo eleitoral e as emendas parlamentares, o que foi muito mal visto com base em declarações dadas por empresários em jornais brasileiros.
Como já pontuado, contudo, ainda não está claro se será preferível um político de centro-esquerda, ou outro à direita e aliado a um ministro liberal, porém sem uma política fiscal e econômica clara. Será necessário observar-se a formação das equipes econômicas desses candidatos e a formulações mais claras das políticas a serem propostas para podermos ter uma melhor visão do posicionamento desses dois atores.
The initial positioning of the financial and industrial market for the October elections
Historically, two actors had a significant influence on the Brazilian electoral race: the financial market and the Brazilian industrialists. In the 2018 elections, for example, both showed their predilection for liberal policies, which were embodied in the figure of the current minister of economy, Paulo Guedes.
Today, although it is still too early for an accurate positioning of these two actors, from preliminary readings of interviews and statements given to newspapers such as Valor Econômico, IstoÉ dinheiro, CNN and others, it is already possible to see a rare phenomenon, because both financial and industrial entrepreneurs have shown themselves divided between former President Lula and the current President Bolsonaro.
As for the first candidate, it is remarkable that Lula brings in his speech ideas strongly linked to the socioeconomic perspective petista, such as the defense of state and an aversion to privatizations, in addition to the manifest intention to review both the labor reform and the spending ceiling and to retrieve the Brazilian autonomy in relation to oil through control of fuel prices. We can say that all these agendas are averse to the ideal program of Brazilian industrialists and financial entrepreneurs. However, what his representatives have expressed is a hope that the current candidacy of the former president will move toward what was his candidacy of 2002, the "Lulinha peace and love", guided by broad dialogue and political pragmatism. A sign in this sense is the presence of the former governor Geraldo Alckmin as his vice-president.
On Bolsonaro's side, the current president still has a speech more focused on the market and large companies, with Minister Paulo Guedes as the crystallization of these speeches – even these speeches not having the same strength that they had in the 2018 elections. In addition, to gain the confidence of the market and entrepreneurs, the Bolsonaro government has tried increasingly to capitalize on some policies, such as the possible privatization of Eletrobras, the launch of “pix”, the pension reform, or the rapprochement with international businessmen, as seen in the recent meeting with Elon Musk. But the policies adopted by the president in recent years and his unstable behavior are of great concern to both sectors, as inconsistencies in his management have generated great volatility in the market. Moreover, contrary to what was promised, Bolsonaro ended up entering the old policy of "toma lá dá cá", making room for the so-called "centrão", a block of parties considered "physiological", also increasing the electoral fund and parliamentary amendments, which was very poorly seen based on statements given by businessmen in Brazilian newspapers.
As already said, however, it is still unclear whether if it will be preferable a center-left politician, or another on the right and allied with a liberal minister but without a clear fiscal and economic policy. It will be necessary to observe the formation of the economic teams of these candidates and the clearer formulations of the economic policies to be proposed to have a better view of the positioning of these two actors.